Em 1993, a CPI dos Anões do Orçamento investigou 37 parlamentares por
suposto envolvimento em esquemas de fraudes na Comissão de Orçamento do
Congresso Nacional. O relatório final de Roberto Magalhães (PFL-PE),
pediu a cassação de 18 deles, mas apenas 6 foram para a degola: Carlos
Benevides (PMDB-CE), Fábio Raunhetti (PTB-RJ), Feres Nader (PTB-RJ),
Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), Raquel Cândido (PTB-RO) e José Geraldo
(PMDB-MG). Quatro renunciaram antes: o chefe do bando, João Alves (sem
partido-BA) (à esq.), Manoel Moreira (PMDB-SP), Genebaldo Correia
(PMDB-BA) e Cid Carvalho (PMDB-MA). Oito foram absolvidos: Ricardo Fiúza
(PFL-PE), Ézio Ferreira (PFL-AM), Ronaldo Aragão (PMDB-RO), Daniel
Silva (PPR-RS), Aníbal Teixeira (PTB-MG), Flávio Derzi (PP-MS), Paulo
Portugal (PP-RJ) e João de Deus (PPR-RS).
Os envolvidos roubaram mais de R$ 100 milhões públicos, com
esquemas de propina, para favorecer governadores, ministros, senadores e
deputados.
Em 2000, o Supremo Tribunal Federal arquivou o processo contra
Ibsen Pinheiro, que retornou à política em 2004, ao eleger-se vereador
em Porto Alegre. Em 2006, elegeu-se para a Câmara Federal.
Foi
atribuído ao deputado João Alves a articulação do esquema, que conhecia
desde 1972, quando passou a integrar a Comissão de Orçamento do
Congresso, colaborando com o Executivo ao impedir que seus colegas
parlamentares fizessem mudanças em projetos. Em troca, acertava a
inclusão e aprovação de emendas parlamentares entre os gastos oficiais,
cujas verbas eram direcionadas para seus redutos eleitorais.
Com a
promulgação da nova Constituição, em outubro de 1988, os poderes da
Comissão de Orçamento foram ampliados, o que resultou na formação do
grupo dos "sete anões".
Segundo a Folha de São Paulo, o grupo
operava com três fontes de recursos. A primeira era formada pelas
propinas pagas pelos prefeitos para incluir uma obra no Orçamento ou
conseguir a liberação de uma verba já prevista. A execução dessas
tarefas era realizada pela Seval, uma empresa criada pelo deputado João
Alves, que cobrava uma "taxa" para fazer o serviço.
Uma segunda
fonte vinha da cobrança de propinas de empreiteiras para que fossem
incluídas obras no Orçamento da União ou que os Ministérios liberassem
recursos para obras que elas executariam.
A terceira fonte, usada
para financiar suas campanhas políticas, vinha com a aprovação de
subvenções sociais dos Ministérios para entidades "fantasmas"
registradas no Conselho Nacional do Serviço Social e controladas pelos
próprios parlamentares.
O principal assessor dos "anões" era o
economista José Carlos Alves dos Santos, que realizava os ajustes no
projeto para incorporar as emendas dos congressistas. De 1989 a 1992, o
número de emendas parlamentares cresceu quase três mil %.
Em 1989, foram 2.604 emendas; em 1990, 13 mil; em 1991, 15.638; e em 1992, 76 mil.
Para
fazer a "lavagem" do dinheiro obtido ilegalmente, João Alves apostava
milhares de dólares em loterias. Perdia mais do que ganhava, mas
conseguia legalizar parte do dinheiro das propinas que recebia. João
Alves morreu em novembro de 2004, aos 85 anos, vítima de câncer
pulmonar, após duas semanas internado da UTI de um hospital em
Salvador.
A edição nº 1.310, da revista Veja (20/10/1993),
trouxe uma entrevista com o chefe da Assessoria Técnica da Comissão do
Orçamento do Congresso, José Carlos Alves dos Santos, que estava preso
na Delegacia de Homicídios de Brasília sob suspeita de ter assassinado
sua mulher Ana Elizabeth, que estava desaparecida desde dezembro de
1992.
Além dos parlamentares, José Carlos Alves citou como
envolvidos no esquema o então governador maranhense, Edison Lobão,
Joaquim Roriz, do DF, e a ministra Margarida Procópio, com quem João
Alves tinha brigas homéricas, “porque ela era conhecida de infância e
era gananciosa”.
Saiba mais sobre esse escândalo pelo link abaixo:
Anões do Orçamento


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